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Especies
Sobre:
Dasipodídeos, popularmente conhecidos como tatu e armadilho (em Portugal), são uma família de mamíferos da ordem Cingulata.
Caracteriza-se pela armadura que cobre o corpo. Nativos do continente americano, os tatus habitam as savanas, cerrados, matas ciliares e florestas molhadas.
Têm importância para a medicina, uma vez que são os únicos animais, para além do homem, capazes de contrair lepra, sendo usados nos estudos dessa enfermidade.
A lepra pode ser transmitida pelo consumo da carne de tatu.
"Tatu" é derivado do tupi ta'tu. . Do tupi Guarani ta – casca, couraça - e tu – encorpado, denso, o casco encorpado.
"Dasypodidae" veio da junção dos termos gregos δασύς (dasys): "piloso, peludo" e πούς, ποδός (pous, podos): "pé", significando, portanto, "pé peludo".
Ecologia
Os tatus tem grande importância ecológica, pois são capazes de alimentar-se de insetos (são, portanto, animais insetívoros), contribuindo para um equilíbrio de populações de formigas e cupins.
Na Universidade da Região da Campanha, em Alegrete, no Rio Grande do Sul, no Brasil, uma pesquisa sobre a dieta dos tatus revelou que um único exemplar de tatu-mulita (Dasypus hybridus) com 2,5 quilogramas de peso é capaz de consumir 8.855 invertebrados em uma única noite.
Quando estes animais são caçados pelo seu valor cinegético (caça para alimento), acaba por se desequilibrar o ecossistema, pois se extermina um controlador natural de insetos, favorecendo o aumento destes invertebrados e resultando em problemas econômicos para a região.
O Tatu na cultura indigena
A maior parte dos nativos da América do Sul apreciavam a carne do tatu pura ou como ingrediente em outros pratos, bem como utilizavam sua carapaça, rabo e ossos para a confecção de utensílios.
Um dos mais conhecidos artefatos elaborados a partir da carapaça do tatu é o charango, instrumento cordófono de origem boliviana.
O nome do instrumento em Quechua é quirquincho (kirkinchu), que quer dizer justamente "tatu".
Atualmente, o instrumento é confeccionado totalmente em madeira.
Os Cinta Larga de Mato Grosso e Rondônia capturavam o tatu inserindo fumaça na sua toca.
Aaru era um beiju feito com massa de mandioca e tatu moqueado pelos Nambiquara do Mato Grosso e Rondônia.
Os Xicrin do Pará usavam o rabo de tatu para confeccionar flauta, com a qual anunciavam sua chegada a aldeia amiga e eram recebidos pelos habitantes com sons emitidos por instrumentos semelhantes.
Cestos eram confeccionados com a carapaça do tatu.
Os Kaxinawá do Acre e Peru empregavam, muito antes do contato com os europeus, linha de envira e anzol confeccionado com a junção do cúbito e o rádio do tatu.
Moças menstruadas dos Uanana do Amazonas podiam se alimentar da formiga maniuara e do beiju.
O peixe jeju ou carne de tatu eram os alimentos indicados após o rito de flagelação.
Acreditavam que a carne do tatu era composta pelas carnes de todos os outros animais.